Numa época em que virou lei realizar mudanças de nome de competições ocorridas décadas atrás a fim de aumentar os títulos deste e daquele clube, é interessante analisarmos essa importante conquista do Corinthians nos anos 50.

Em 1947 foi pela primeira vez organizada a “Taça do Atlântico”, reunindo os três países mais importantes do futebol sul-americano: daquele torneio, participaram Vasco e Palmeiras, representando o Brasil, Nacional e Peñarol, representando o Uruguai, e Boca Juniors e River Plate, pelo lado argentino.

O regulamento dizia que os times do mesmo país não poderiam se enfrentar, e todas as partidas aconteceram no estádio Centenário, de Montevidéu. O campeão foi o Boca Juniors, pelo saldo de gols.

Uma segunda edição desta competição aconteceria 9 anos depois, dessa vez contando com 5 representantes de cada país. O critério de escolha era o desempenho nas competições de nível nacional.

Santos e Corinthians representaram o Campeonato Paulista, o São Paulo representando o Torneio Rio-São Paulo e pelo Campeonato Carioca participaram Fluminense e América-RJ. Da Argentina vieram Boca Juniors, River Plate, Racing, Lanus e San Lorenzo. E do Uruguai se fizeram presentes Peñarol, Nacional, Defensor, Danubio e Wanderers.

Foi disputada em paralelo a uma taça em que as seleções dos respectivos países disputaram, como triangular. A copa do Atlântico foi organizada por AFA, CBD e AUF, em conjunto.

O regulamento funcionava da seguinte maneira: Oitavas-de-final, quartas-de-final, semifinal e final. As 3 primeiras fases em partidas únicas e a final a ser disputada em série melhor de 3.

A primeira partida do Corinthians aconteceu no Pacaembu no dia 23 de Junho, diante do Danúbio, do Uruguai. O jogo, bastante equilibrado, terminou empatado em 2 a 2 (para o Corinthians marcaram Cláudio e Paulo).

E aqui é onde entra o mistério. Após empate em 0 x 0 na prorrogação, algumas fontes dizem que o Corinthians classificou-se no sorteio (cara ou coroa). Outras fontes dizem que o Corinthinas ganhou nos pênaltis por 4 x 2.

Ver "Curiosidades - Ganhando na moedinha.

Para as quartas-de-final, o adversário seria o Santos F.C., que havia vencido o campeonato paulista daquele ano com o Corinthians como segundo colocado. A vitória corinthiana veio ao modo "sofrido": depois de estar vencendo por 3 a 1, (com Paulo, duas vezes, e Zezé tendo marcado para o Timão) o Corinthians permitiu o empate santista. Até que, aos 40 minutos do segundo tempo, Cláudio, artilheiro do torneio, marcou de pênalti o 4º gol.

Na semifinal, o duelo seria com o rival São Paulo. Com gols de Zezé e Cláudio, sempre ele, o Corinthians bateu o time do Morumbi e credenciou-se a disputar a final com o Boca Juniors.

Algumas fontes apontam que o Corinthians teria vencido a primeira partida contra o Boca Juniors pelo placar de 3 a 2, em Buenos Aires, e que as possíveis duas partidas seguintes não ocorreram porque o clube argentino teria discordado da realização do terceiro confronto em terras brasileiras. Mas não há registros desse jogo e é bem provável que ele nunca tenha ocorrido.

Os principais historiadores apontam que não houve a finalíssima por motivo de “falta de datas”, ficando a competição sem um campeão declarado.

(Clique aqui para ver a matéria do UOL).

No site do IFFHS (Instituto de História e Estatística do Futebol) o título do Corinthians é creditado como tendo o mesmo valor da Copa Conmebol (torneio disputado entre 1992 e 1999) e da Supercopa (disputada em 1968 e 69 e de 1992 à 1995).

Campanha

Oitavas de Final

Corinthians 2 x 2 Danubio (Uruguai)
23.06.1956 - Pacaembu (São Paulo - SP)
Algumas fontes dizem que o Corinthians se classificou no sorteio, enquanto outras dizem que o Corinthians venceu nos pênaltis por 4 x 2 Quartas de Final

Corinthians 4 x 3 Santos (SP)
04.07.1956 - Pacaembu (São Paulo - SP)

Semifinal

Corinthians 2 x 0 São Paulo (SP)
07.07.1956 - Pacaembu (São Paulo - SP)

Final

Corinthians x Boca Juniors (Argentina)
A final contra o Boca Juniors não foi disputada