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O jogo da libertação. Esse é o mais merecido título que podemos dar a essa partida.
A torcida corintiana enche o Morumbi, no dia 13 de outubro, para ver aquele que seria
o jogo da libertação, do fim do jejum de títulos, que já durava 22 anos, oito meses e seis
dias.
Começa a partida e logo de
cara, aos 16 minutos, mais de 80 mil corintianos vêem o perigoso atacante Rui
Rei reclamar com o juiz Dulcídio Wanderley Boschillia e ser expulso. Quem temia
por uma nova tragédia passou a ficar mais aliviado.
Mesmo precisando de um
empate no tempo normal e na prorrogação, o Corinthians foi para cima da Ponte.
Geraldão, artilheiro do Timão naquele campeonato com 24 gols, quase abre o
placar aos 39 minutos, após aproveitar um cruzamento de Vaguinho. Mas o zero não saiu do placar na
primeit metade do jogo.
Chega o segundo tempo. Os
dois times entram nervosos e muito cautelosos. O medo de tomar um gol fez com
que as equipes ficassem apenas se
defendendo. Em raros contra-ataques, o perigo aparecia. Em um deles Dicá, da
macaca, cabeceia livre na área. Para fora.
Assustado, o técnico Brandão
se levanta e manda o time para o ataque.
Aos 36 minutos, Zé Maria bate uma
falta pela direita. A bola percorre toda a pequena área e vai parar no pé de
Vaguinho, que, de bico, chuta a bola no travessão do goleiro Carlos. Na volta,
ela quica no chão e sobe para Wladimir cabecear. Em cima da linha, Oscar,
também de cabeça, salva. Mas no rebote, a bola sobra para o pé direito de
Basílio. O meia, com toda a força, faz então o esperado gol.
Festa no Morumbi.
Restavam apenas 8 minutos. Nessa hora, não havia mais esquema tático. Pouco
antes de acabar, Oscar e Geraldão, que foi o artilheiro do campeonato com 24
gols, brigam e são expulsos. Aos 46, Dúlcidio pede a bola e encerra a partida:
o Corinthians é campeão.
Fim do jejum. Fim do sofrimento.
A torcida invade o campo e
comemora com os seus ídolos. Brandão é carregado no colo, o presidente Vicente
Matheus perde os sapatos, os jogadores ficam quase nus.
O coro de “é campeão” toma
conta da noite paulista e invade a madrugada. A partir daí, surge um novo
Corinthians. Acabaram-se os traumas e o time volta a ser o bom e velho
vencedor. O gol de Basílio foi o mais importante da história corintiana. Veja
seu depoimento sobre o jogo:
“A terceira partida da final do Paulistão de 77 foi
a melhor que nós fizemos no campeonato. Jogamos determinados, fomos pacientes e
também atrevidos. Tanto que, mesmo precisando do empate, fomos para cima da
Ponte Preta. No primeiro tempo merecíamos ter feito uns dois ou três gols. Na
segunda etapa, o jogo ficou equilibrado até o gol. O lance saiu de uma bola
parada e eu, depois do bate-rebate, fiz o gol de direita e corri para a galera.
Após o jogo, queríamos dar a volta olímpica, mas foi impossível. Pouco importa.
O que valeu mesmo foi a festa e o fim do jejum.”
Veja mais detalhes em "Títulos - Campeão Paulista de 1977".
FICHA TÉCNICA
CORINTHIANS: Tobias, Zé Maria, Moisés, Ademir e Wladimir; Ruço, Basílio e Luciano; Vaguinho, Geraldão e Romeu. Téc.: Oswaldo Brandão
PONTE PRETA: Carlos, Jair, Oscar, Polozi e Ângelo; Wanderlei, Marco Aurélio e Dicá; Lúcio, Rui Rei e Tuta (Parraga). Téc.: José Duarte
Local: Estádio do Morumbi - São Paulo (RJ)
Data: 13/10/1977
Árbitro: Dulcídio Wanderley Boschillia ()
Público: 86.677
Renda: Cr$ 3.325.470,00
Gol: Basílio (36 - 2º)