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Em 2020 o mundo inteiro sofreu com a pandemia da Covid-19. Tudo parou, inclusive o futebol.

Mas não foi a primeira vez que o futebol foi forçado a suspender as atividades por conta de motivos externos. Seja por doença, conflitos ou imbróglios judiciais, veja abaixo as ocasiões em os campeonatos que o Corinthians estava disputando foi paralisado.

Obs.: Não estão incluídas as paralisações já previamente agendadas, como as paradas para a disputa de Copa de Mundo ou outros torneios.

1918 - Campeonato Paulista paralisado por quase 2 meses (Pandemia da Gripe Espanhola)

Apesar do nome, uma das mais mortais pandemias da história da humanidade não teve sua origem na Espanha. Recebeu esse nome porque os espanhóis, neutros na Primeira Guerra Mundial, divulgavam as informações sem censura, ao contrário dos outros paíse que evitavam a divulgação da doença para não causar pânico em seus soldados, já com problemas demais para se procupar dentro de suas trincheiras.

O local de origem ainda é um mistério, mas a hipótese mais aceita é que teve origem nos EUA, que levaram a doença até a Europa através das tropas americanas enviadas para lutar na guerra. E o números da pandemia são assustadores. Cálcula-se que, entre 1918 e 1919, de 50 à 100 milhões de pessoas tenham morrido em decorrência da doença ao redor do mundo. Estima-se que 25% da população americana tenha contraído a doença.

A gripe chegou ao Brasil em setembro de 1918 por uma embarcação que veio da Inglaterra e passou por Lisboa, Recife, Salvador e Rio de Janeiro. No país, a doença matou em torno 35 mil pessoas, segundo dados oficiais. Entre eles, o presidente eleito Rodrigues Alves, que morreu antes de tomar posse.

E com isso, o Campeonato Paulista foi paralisado no início de outubro, de forma abrupta: no dia 20 outubro os torcedores estavam nos estádios quando os agentes de segurança chegaram e disseram que não haveria jogo. Claro que houve confusão, os torcedores nao queriam ir embora e alguns clubes jogaram a partida mesmo assim, amistosamente. Três jogos seriam realizados naquele dia, nenhum do Corinthians.

A paralisação não durou muito tempo. O retorno ocorreu no dia 15 de dezembro e com uma alteração na regra: só seriam disputados os jogos cujos times ainda brigavam pelo título. Todos os demais jogos foram cancelados. Ainda assim, o certame só teve fim na segunda metade de janeiro de 2020, com o Paulistano conquistando o título e o Corinthians ficando em segundo (o Corinthians disputou 6 partidas após o recomeço da competição).

Não foi registrada nenhuma morte entre os jogadores paulistas, mas Benedito, do Paulistano, correu sério risco de morte.

No Rio, o campeão Fluminenese perdeu o jogador Archibald French, vítima da doença.


Reflexo da terrível Gripe Espanhola



1924 - Campeonato Paulista paralisado por 1 mês e meio (Revolta Paulista)

Em julho de 1924, eclodiu em São Paulo a chamada Revolta Paulista, conhecida como a segunda revolta tenentista e o maior conflito bélico da história da cidade de São Paulo. Teve início no dia 05 de julho e terminou no dia 28 do mesmo mês.

Comandada pelo general reformado Isidoro Dias Lopes, contou com a participação de vários tenentes. O objetivo principal do levante era depor o presidente Artur Bernardes. Entre as reivindicações estava o voto secreto, poder político ao exército, a justiça gratuita e a instauração do ensino público obrigatório.

O governo federal respondeu bombardeando a cidade e conteve a revolução. Mesmo durando só 23 dias, o conflito deixou cerca de 300 mil pessoas desalojadas. Segundo o historiador Celso Unzelte, foi o maior bombardeio urbano em uma metrópole da América do Sul até então, pois o continente não se envolvia em grandes guerras.

O Campeonato Paulista foi paralisado por pouco mais de 1 mês, de 30 de junho a 16 de agosto. Por conta disso, a última rodada foi disputada somente em 1925. Paulistano e Corinthians entraram em campo no dia 11 de janeiro em jogo válido pela última rodada. O Coringão venceu por 1 x 0, conquistou o seu quinto título paulista e seu primeiro Tricampeonato seguido.

Ver "Títulos - Campeonatos Paulista - 1922/23/24"



1932 - Campeonato Paulista paralisado por 4 meses (Revolução Constitucionalista)

A famosa Revolução de 1932, que hoje agracia os paulistas com o feriado de 9 de julho (data que eclodiu a revolução) durou 3 meses e tinha por objetivo derrubar o presidente Getúlio Vargas que chegou a presidência após a Revolução de 1930.

O Exército Constitucionalista não recebeu o apoio que esperava de outros estados. Sofrendo retaliações econômicas e ataques das tropas federais, a Revolução Constitucionalista aguentou o quanto pôde, até que, após 85 dias de batalhas que se alastraram por todo o território paulista, São Paulo se rendeu em 2 de outubro, embora os conflitos tenham se estendido até o dia 4, deixando oficialmente cerca de 1600 baixas.

Muitos atletas se prontificaram a participar da Revolução. Liderados por ninguém menos que Arthur Friedenreich, o Batalhão Esportivo contou com cerca de 3.000 integrantes. Eles foram deslocados até a região de Itapira, onde permaneceram por 25 dias até sofrerem um ataque aéreo.

O Campeonato Paulista foi paralisado no dia 04 de julho e só retornou no dia 06 de novembro. Originalmente para ser disputado em dois turnos (22 partidas), a APEA decidiu encurtar a competição e declarar que somente 1 turno (11 jogos) seria disputado. O Palmeiras (então Palestra Itália) foi o campeão.

Apesar de algumas fontes afirmarem que com o fato do Palmeiras ter vencido o primeiro turno com 100% de aproveitamento, os times concordaram em encerrar a competição, há fontes que dizem que o São Paulo, que estava 5 pontos atrás do Palmeiras, ficou descontente com a decisão.



1952 - Campeonato Paulista iniciado tardiamente (Imbróglio Judicial)

Uma confusão na Lei de Acesso e Descenso da época fez o Jabaquara, rebaixado no Campeonato Paulista de 1951, enxergar uma brecha e entrar com um pedido no Conselho Nacional de Desportos (CND) para se manter na primeira divisão.

Enquanto a decisão não fosse definida, nada de campeonato. No dia 15 de maio, o CND deu parecer favorável ao Jabaquara e jogou o problema para a Federação Paulista, que somente em agosto cedeu e incluiu o Jabaquara na competição de 1952. Este caso ficou conhecido como "Jabaquarada", iniciado em fevereiro de 1952.

Em 30 de agosto finalmente teve início o Campeonato Paulista de 1952, que se estendeu até fevereiro do ano seguinte e teve o Corinthians como campeão. Era o 14º título paulista do clube.

Ver "Títulos - Campeonatos Paulista - 1951/52"



1966 - Torneio Rio-São Paulo encerrado (Copa do Mundo)

O Torneio Rio-São Paulo de 1966 já começou errado.

Em meados de janeiro de 1966, o Rio de Janeiro foi castigado pela pior enchente do século XX na cidade, deixando 250 mortos e mais de 50 mil desabrigados. Nos dias que se seguiram, muitos desses desamparados foram levados para o Maracanã, o que levou à interdição do estádio por tempo indeterminado. Sem o principal estádio carioca disponível a princípio até março, os dirigentes se reuniram com o governador do então estado da Guanabara, Francisco Negrão de Lima, e seus assessores. Estes chegaram a pedir o cancelamento do torneio, mas o supervisor da CBD, Carlos Nascimento, refutou de maneira veemente a hipótese, já que considerava a competição fundamental para a observação de jogadores visando à convocação da Seleção Brasileira para a fase de preparação para a Copa do Mundo. Pelo calendário da entidade, a divulgação da relação dos convocados estava prevista para sair no fim de março.

Depois de adiadas várias partidas agendadas para a cidade nas primeiras rodadas (inclusive Bangu x Flamengo, marcado para a abertura, e que ironicamente acabou sendo o último jogo disputado, com os campeões já conhecidos), a solução provisória encontrada foi levar alguns confrontos para o estádio de São Januário – contrariando a vontade dos clubes cariocas, que temiam públicos menores e prejuízos financeiros ao mandarem seus jogos na casa do Vasco.

Apesar da bagunça do Torneio, ele tinha lá suas atrações. A maior delas era a contração de Garrincha, então com 32 anos, pelo Corinthians.

Após as três primeiras partidas em São Januário, o Rio voltou a ficar sem os jogos por quase duas semanas, em virtude do movimento de Carnaval (o desfile das escolas de samba aconteceu no domingo, 20 de fevereiro). Enquanto isso, em São Paulo a competiação corria norrmalmente.

Porém, em 6 de março foi a vez de São Paulo sofrer com a chuva e a inundação. Com a transferência do Mercado Municipal para a praça Charles Miller, em frente ao Pacaembu, o estádio foi fechado, impedindo a realização do clássico entre Corinthians e Palmeiras, que viria a ser disputado no dia 21 de março.

Chegou então o final de semana decisivo. Os jornais já apontavam a possibilidade de título dividido, no caso de uma específica combinação de resultados que, incrivelmente, acabou acontecendo.

Assim, no dia 27 de março, os quatro postulantes ao título entraram em campo nas seguintes condições:
Vasco era o líder com 11 pontos.
Corinthians e Santos tinham 10 pontos, ao lado do São Paulo, que já havia encerrado sua participação e não tinha mais chances de título.
Botafogo com 9 pontos e só tinha chance em caso de empate quádruplo. O Palmeiras também tinha 9 pontos, mas não tinha mais chance.

E, curiosamente, os alvinegros se enfrentariam.

No Pacaembu, Corinthians e Santos ficaram no 0 x 0 e chegaram a 11 pontos. O Corinthians teve a chance da conquista do título sozinho, mas perdeu um pênalti, cobrado por Flávio.

No Maracanã, vitória do Botafogo por 3 x 0, que chegou aos mesmos 11 pontos (vitória valia 2 pontos naquela época) e segurou o Vasco com 11 pontos.

Se fossem utilizados alguns critérios de desempate mais utilizados na época: dos quatro, o Botafogo teve o melhor saldo de gols; Vasco e Corinthians venceram mais jogos – e dentre os dois, os cruzmaltinos tiveram um gol a mais de saldo, apesar do Corinthians ter feito 4 gols a mais. Havia ainda a possibilidade de utilizar os resultados dos confrontos diretos do turno. Nesse caso, também o Botafogo levaria vantagem por ter vencido Vasco e Corinthians e empatado com o Santos.

Porém, o regulamento do Torneio não previa qualquer critério de desempate, e como não havia datas para os tão famosos jogos-desempate (ainda mais envolvendo tantos times), o título foi dividido realmente entre os 4 clubes.

Enfim, a sensação final de um torneio que já começou ruindo foi de que valeu mais como experiência do que para apontar um campeão.

Ver "Títulos - Torneio Rio - São Paulo - 1966"


Os 4 campeões que não valeram de muita coisa...



1979 - Campeonato Paulista paralisado por 2 meses (Imbróglio Judicial)

Esta famosa paralisação do Paulistão de 79 tem nome e sobrenome: Vicente Matheus.

Já na segunda fase da competição, em novembro, a Federação Paulista agendou uma rodada dupla no Morumbi entre Corinthians x Ponte Preta e Palmeiras x Guarani. E aí entrou em cena o lendário presidente corinthiano, que se recusou a entrar em campo porque não concordava com a divisão da renda, alegando o Corinthians teria mais torcida que os outros três times juntos.

A Ponte exigia os pontos da partida. A Federação chegou a oferecer para o time campineiro uma garantia de 5 milhões de Cruzeiros para ser realizada outra partida, mas a Ponte estava irredutível: queria os 2 pontos do W.O. de qualquer jeito. Após medidas cautelares e recursos na justiça, os pontos da partida foram dados à Ponte Preta, que foi considerada vitoriosa por 1 x 0.

Porém devido a demora do processo, a Federeção Paulista teve que adiar as semifinais do campeonato (Corinthians x Palmeiras e Ponte x Guarani) para o início de 1980, visto que Palmeiras e Guarani, dois dos times envolvidos, iriam estrear no Campeonato Brasileiro (os demais clubes grandes paulistas desistiram de participar da competição nacional).

Quando a semifinal começou, em 27 de janeiro de 1980, o favorito Palmeiras de Telê Santana tinha esfriado e perdido o embalo. Com um empate em 1 x 1 e uma vitória por 1 x 0, com direito a gol de canela de Biro-Biro, o Corinthians se classificou para a final, onde derrotou novamente a Ponte Preta e conquistou o seu 17º título paulista.

Há quem afirme de pé junto que a jogada de Vicente Matheus tenha sido realmente esfriar o rival alviverde. Este site apóia essa teoria rsrsrs.

Ver "Títulos - Campeonato Paulista - 1979"



2020 - Campeonato Paulista paralisado por pouco mais de 4 meses (Pandemia da Covid-19)
2021 - Campeonato Paulista paralisado por quase 1 mês (Pandemia da Covid-19)

E enfim chegamos ao sombrio e triste 2020.

A pandemia do Covid-19, causada pelo Coronavírus, atingiu o mundo todo, causando morte e preocupação ao redor do globo. As competições esportivas foram paralisadas primeiramente na Ásia e Europa, mas logo o mundo todo mundo também parou (alguns países malucos não pararam). As Olímpiadas, Copa América e Eurocopa foram adiadas para 2021, mostrando o quão grave é o cenário.

O primeiro caso oficial da doença no Brasil foi registrado no dia 26 de fevereiro.

Menos de um mês depois, as competições no Brasil e na América foram paralisadas.

Falando especificamente do Corinthians, o Campeonato Paulista foi disputado até 16 de março, uma semana antes do governador João Dória decretar a quarentena em todo o estado. O último jogo do time, disputado no dia 15 de março contra o Ituano, na Arena, foi realizado com portões fechados.

Ver "Curiosidades - Os Jogos com portões fechados"


O Pacaembu virou hospital de campanha durante a pandemia da Covid-19

Na Europa, o primeiro grande campeonato a retornar foi o alemão, no dia 16 de maio, seguido do espanhol (11 de junho) e inglês (17 de junho).

No Brasil, a primeira grande competição a voltar foi o Campeonato Carioca, no dia 19 de junho.

No dia 08 de julho a Federação Paulista de Futebol, após autorização do Governo do Estado, anunciou o retorno do Paulistão para o dia 22 de julho. E já voltou logo com um Corinthians x Palmeiras, na Arena. Com gol de Gil, o Corinthians venceu o Derbi por 1 x 0 e pegou a liderança do confronto pela primeira vez desde 1967 (128 x 127).

Porém, ao contrário da Europa, que só voltou com a pandemia controlada, aqui no Brasil o futebol voltou com a pandemia no auge das mortes. No mesmo dia em que o futebol paulista voltou, o número de casos confirmados era de 2.231.871, com 82.890 mortes (1.284 nas últimas 24 horas). Coisas do Brasil...

Faltando ainda 6 datas para o Paulistão terminar (2 para a 1ª fase, 1 para as quartas, 1 para as semifinais e 2 para a final), a decisão foi marcada para o dia 08 de agosto, mesmo final de semana que começra o Campeonato Brasileiro (marcado para começar em 09 de agosto e terminar em 24 de fevereiro de 2021). E ainda tem Copa do Brasil, Libertadores, Sul-Americana...

O resultado foi uma verdadeira maratona de jogos, invadindo o ano de 2021 (o Brasileirão terminou somente no dia 25 de fevereiro).

Em meados de março de 2021, após decisão do Governo do Estado, houve nova paralisação no Campeonato Paulista, devido ao aumento de casos e mortes por Covid.

A Federação Paulista, desesperada por manter o calendário, levou o jogo do Corinthians contra o Mirassol para o estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda (RJ). Foi o primeiro jogo da história centenária da competição a ser disputada fora do estado de São Paulo, justamente no dia em que se bateu o recorde de mortes por covid até então: 3.158. Simplesmente infame.

E aproveitando que o Corinthians já estava no Rio, a CBF também marcou o jogo da Copa do Brasil, contra o Retrô (PE), para o estado, dessa vez para Saquarema.

No início de abril as competiçoes foram retomadas. Com mais gente morrendo...



2024 - Campeonato Brasileiro paralisado por pouco mais de 2 semanas (Enchentes no Rio Grande do Sul)

No final de abril de 2024, o Rio Grande do Sul começou a sofrer com as chuvas e enchentes, naquela que é a maior tragédia climática da história do estado.

Além de Porto Alegre, diversas cidades foram tomadas pelas águas e ficaram submersas. Mais de 2,3 mihões de pessoas foram afetadas. Segundo dados de 29 de maio, um mês após o início da tragédia, 169 pessoas morreram, 44 estavam desaparecidas e 581.638 estavam desalojadas.

Toda a vida do gaúcho foi afetada e o futebol não poderia ter ficado de fora. Com os estádios e toda a estrutura tomados pela água, os clubes gaúchos não tinham onde treinar e jogar.

A CBF, após reuniões com os clubes, resolveu paralisar o Campeonato Brasileiro a partir do dia 15 de maio. As demais competições não foram paralisadas, mas os jogos dos clubes gaúchos foram adiados.

O retorno do Brasileirão ocorreu duas semanas depois, no dia 01 de junho.

Nesse tempo, os clubes gaúchos utilizaram os CT's e estádios de diversos clubes do Brasil. O Grêmio, inclusive, utilizou o CT Joaquim Grava para treinar durante 10 dias.


Beira-Rio e Arena Grêmio tomadas pela água

Foram dias tristes para todo o Brasil. Campanhas de doações e ajuda não faltaram para o povo gaúcho, que, forte e guerreiro que é, logo superou a tragédia rumo a vida normal novamente.


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